Pesquisas apontam os benefícios da ferramenta, utilizada pela maioria das empresas do país.
Nove em cada dez empresas instaladas no Brasil disponibilizam um canal de denúncias para os funcionários e o público externo, formado por clientes, fornecedores e outros parceiros. Para as companhias, o principal benefício da ferramenta é contribuir para o fortalecimento da cultura de integridade na organização.
Os dados são da pesquisa “Perfil do Hotline no Brasil”, publicada pela consultoria KPMG. De acordo com o estudo, o canal de denúncias tem se mostrado eficaz para o combate às irregularidades no ambiente empresarial, como fraude, corrupção, assédio moral e sexual, desobediência à legislação e outras práticas.
Entre as empresas que disponibilizam a ferramenta, 74% recebem mais de 35 denúncias por ano. Os relatos referem-se, sobretudo, às situações de desvio de conduta (48%), assédio moral (22%) e descumprimento das políticas de compliance da empresa (4%).
O estudo identificou, ainda, que a maior parte das denúncias (58%) é feita on-line. Após o recebimento do relato, o setor de compliance das empresas gasta, em média, até 30 dias para a apuração das informações.
Os resultados do estudo da KPMG corroboram as informações sobre a relevância do canal de denúncias para a conformidade nas empresas extraídas da pesquisa “Integridade Corporativa no Brasil 2022”, feita pela Deloitte em parceria com o Pacto Global.
Divulgado no final de 2022, o levantamento apontou que além de ser essencial para a prevenção e o combate às más condutas no ambiente corporativo, o canal de denúncias tem funcionado como espécie de termômetro para o aprimoramento do programa de compliance: 86% das empresas que participaram da pesquisa usam as informações recebidas através da ferramenta para realizar melhorias nas políticas de conformidade.
O estudo da Deloitte em parceria com o Pacto Global revelou, ainda, que mais de 70% das empresas promovem melhorias no programa de compliance com o propósito de evitar danos à reputação e à imagem.
Outras vantagens
Segundo informações do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), quando utilizado de forma eficiente, o canal de denúncias torna-se protagonista na promoção da ética corporativa.
Na prática, a empresa observa vantagens como a consolidação de uma cultura organizacional responsável e transparente. O trabalho de prevenção e combate às irregularidades também assegura respaldo jurídico e evita prejuízos financeiros, decorrentes de multas, ações judiciais e danos à imagem e à reputação.
Para garantir a eficiência do canal de denúncias, o IBGC recomenda criar um sistema seguro para o denunciante, inclusive conferindo a opção do relato ser feito de forma anônima, ter uma equipe especializada e multidisciplinar para o acolhimento do relato, realizar investigação e aplicar sanções caso haja a confirmação da irregularidade.
Sobre os profissionais que atuam no canal de denúncias, o IBGC destaca a importância de manter uma equipe experiente, que possa transmitir a confiança necessária para que o denunciante faça o seu relato, e o profissionalismo exigido para conduzir a apuração.
Nova lei incentiva o uso do canal de denúncias
Responsável pela criação do Programa Emprega + Mulheres, a Lei nº 14.457/22 determina que as organizações adotem medidas de incentivo à contratação e à manutenção de trabalhadoras, o que inclui o combate ao assédio sexual e outras formas de violência.
Entre as providências estabelecidas para combater o problema estão a implantação de um canal de denúncias, a realização de campanhas internas que promovam a conscientização e a oferta de treinamentos que abordem o assunto e esclareçam dúvidas dos funcionários.
A nova lei inclui o combate ao assédio sexual e à violência no trabalho como medidas de segurança do trabalho e, portanto, as ações também devem ser incorporadas à rotina de atuação da CIPA, que passou a ser denominada como Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio.